Após pesquisar em inúmeros sites e manuais dos telescópios do tipo Ritchey-Chretien (RC) e fazer inúmeros testes com os mais diversos métodos que encontrei, consegui "desenvolver" um método prático e relativamente fácil, que se mostrou bastante eficaz.
Eu utilizei uma uma webcam para facilitar o trabalho de ficar verificando e ajustando os parafusos de colimação.
Material que utilizei para o método:
- QHY5 color (webcam)
- Tripé fotográfico
- Ocular de colimação do tipo Cheshire
- Chaves allen para os ajustes nos parafusos
- Software de captura (Sharpcap) https://www.sharpcap.co.uk
- Software auxiliar de colimação (Mire de Collimation) - Google It!
Montagem do Dispositivo
Sequência para colimação:
1. Centralização do espelho secundário:
- Nesta fase o objetivo é, agindo nos parafusos de colimação do secundário, colocar a bolinha no centro da circunferência menor.
- IMPORTANTE lembrar que toda vez que apertamos um dos parafusos, os outros dois devem ser afrouxados e se afrouxarmos um, os outros dois devem ser apertados. Isso é feito para que a pressão sobre o espelho seja igualamente distribuida.
- A imagem final nessa fase deve ficar como a da imagem abaixo:
2. Enquadramento do primário:
- O segundo passo será centralizar o espelho primário em relação ao tubo do telescópio.
Para isso devemos afrouxar todos os parafusos de retenção do primário e depois, em movimentos pequenos nos parafusos de colimação, ir ajustando até que todos as quatro saliências se projetem igualmente conforme a imagem abaixo:
- Observe que provavelmente o ajuste feito no primeiro passo ficará prejudicado, mas isso será corrigido no próximo passo.
3. Recentralização do secundário:
- Novamente agindo nos parafusos de colimação do secundário, faremos a centralização conforme descrito no primeiro passo.
- Deve-se repetir os passos 1 e 2 até que tudo esteja perfeitamente concêntrico conforme a imagem abaixo:
- Neste ponto o telescópio já estará com 90% da colimação feita, sendo necessário como última etapa o teste de estrela, onde será feito o ajuste fino. Esse teste é fundamental, porque em geral, o centro mecânico não coincide com o centro ótico nesses modelos.
4. Teste de estrela (Eliminação do coma):
- Nesta última etapa apontaremos o telescópio para uma estrela não tão brilhante e a colocaremos bem no centro da imagem do visor;
- Feito isso faremos o desfoque para fora dessa estrela e então agindo nos parafusos do PRIMÁRIO ajustaremos a imagem até a sombra do secundário estar perfeitamente centralizada como na imagem abaixo. Ajustes em pequenas voltas e utilizado 2 parafusos de cada vez. Pode-se colocar a mão na frente do tubo para saber qual parafuso deve ser apertado ou afrouxado.
- REGRA: A parte "gorda" indica que o parafuso deve ser apertado e a parte fina indica que o parafuso deve ser afrouxado:
5. Teste de estrela (Eliminação das distrorções)
- Chegando nessa etapa, o telescópio já estará colimado na porção central do campo de visão do CCD. Ocorre que, dependendo do tamnho do CCD, as estrelas das bordas poderão apresentar algum tipo de distorção.
- Para corrigir essas distorções ainda será necessário o seguinte procedimento:
Mover a estrela desfocada para a borda da imagem e agora agindo somente nos parafusos do SECUNDÁRIO, deveremos novamente chegar no mesmo padrão da figura acima, ou seja, a sombra do secundário perfeitamente centralizada.
-PRONTO, seu RC estará colimado e raramente será necessário uma nova colimação, pois esse tipo de telescópio segura bem a colimação.
- Importante ressaltar que após o passo 5, se observarmos pela ocular cheshire veremos que as coisas não estarão mais tão centralizadas, isso se deve porque, como já foi dito, o centro ótico não coincide com o centro mecânico do telescópio e daí que surge a lenda que esse tipo de telescópio é difícil de colimar. Não, é apenas diferente!
- Espero que tenham sucesso na colimação.
Depois que se entende bem o procedimento, colimar fica muito fácil e rápido.
A seguir uma imagem de verificação onde pode-se observar o grau de colimação alcançado com o procedimento acima descrito: Imagem feita com uma câmera ASI1600MM Pro e RC8 com redutor focal, operando em F/6.
NGC 2070 - GSO RC8 com CCDT67 em F/6 - ASI1600MM |
Obs: Esse telescópio foi concebido para apresentar um campo plano, inclusive em sensores grandes, quando operando em F/8
Ao se utilizar redutores focais tudo é alterado, podendo as bordas apresentarem distorções. Essas não são decorrentes de má colimação.
É perfeitamente possível a utilização de field flatteners com redutores, os mesmos utilizados em refratores, para se aplainar todo o campo.
Olá Gerson, tudo bem? Como vc fixou a camera com a lente na ceshire?
ResponderExcluirParabens Gerson!!! ficou muito show esse tutorial!!!
ResponderExcluirBoa tarde Gerson,
ResponderExcluirColoquei meu redutor GSO logo depois da câmera QHY-9, estando entre a câmera e o redutor a roda de filtros. Só consigo foco dessa maneira, mas as estrelas das bordas ficam esticadas e apontando para o cento da foto. Se for utilizado um aplainador de campo, teria que ser colocado entre a roda de filtros e o redutor, mais aí aumentaria a distancia do sensor da câmera do redutor. Você conseguiu resolver essa questão?
Abs.
Paulo Furlan